quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Caminhando



Por aquela areia branca
Pé ante pé
Caminhos ondulados
E o horizonte como sina
Num final de tarde
Ardente
Navegando
Por aquelas dunas silenciosas
Plantadas à beira desse lago
Jardim de água límpida
E ao som de uma melodia
Criada por um vento orgulhoso
E sedento de sentir
Essas ondas pequenas
E vibrantes.

Por aquela areia branca
Sozinho
E sonhando…

Caminhando.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Soltam-se as cores



Perdidas ao Sol
Nesse emaranhado de verde sem fim
Soltam-se umas das outras
Como elos que se partem ao vento
E sobem e atropelam-se
Competindo
Para ver quem chega mais alto
Soltam-se uma das outras
Nesse jogo de cores
De quem brilha mais vence
E sairá a rainha da cor da vida
E da essência da liberdade.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Escondidos



Escondida estavas tu
Na janela daquela torre
Escondido estava eu
Num aroma suave, branco e eterno.

Escondida estás tu
Sempre inalcançável
Escondido estou eu
Coração mole e envergonhado.

Escondida estarás tu
Nesse alto murmúrio de vento
Escondido estarei eu
Mas espreitarei sempre por ti.

sábado, 19 de setembro de 2009

Nesse Marvão



Espreito essa vista que me é oferecida
Um bem precioso que não se esconde
É de verdade um dom que se levanta bem alto
O de poder ver, observar, admirar
E contemplo sem parar essa vista de perder de vista.

Aquela igreja ali tão perto
Estendida às pequenas ruelas da vila
O verde dos jardins floresce e cresce ao Sol
Contam-se os contos do passado
E rezam-se padres-nossos por todos os nossos.

Deito um último olhar por aquele olho grande
Redondo, perfeito em toda a sua História
Quantos olhos por ele olharam e viram o que viram?
Quantos contos se contaram por só ali se olhar?
Quantos padres-nossos se rezaram só por ali se estar?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Torre



Essa torre que se estende céu acima
Mais alta que as árvores que voam ao vento
Mais alta que as próprias nuvens.
Cá em baixo tão pequenos que somos
E nem as bandeiras defraudadas se erguem tanto
Por muito que tentem.
Aquelas janelas grandes e vistosas lá no alto
Olham-nos com estilo autoritário
E nem os pássaros ousam voar mais alto
Que aquela torre de chapéu bem esticado
Que de perfil olhamos por entre essa ramagem distinta
E que dança ao som das bandeiras de todo o mundo.

domingo, 13 de setembro de 2009

Sol Vermelho



Olhando o céu ao anoitecer vejo-te redondo
Iluminando a escuridão e os bandos de asas que procuram pousar e adormecer
As nuvens que te mancham nesse céu vermelho
A tua luz forte que venero na noite longa
E admiro enquanto vai caindo o dia neste lugar
Essa tua luz que iluminará outra parte deste mundo
És a estrela que dá vontade de vida todos os seres vivos
Abres os olhos a quem dorme nas trevas de uma noite sem fim
E fecha-los quando te escondes e dás lugar à tua cara-metade
A tua vermelhidão num entardecer sombrio
Que une o branco e o negro dos longos dias de Verão
E das curtas jornadas de Inverno
És o meu ansiar por te ver novamente todas as manhãs
És as minha tristeza quando partes por umas horas
E sonho em voltar a ver-te novamente
Porque sem ti simplesmente não me apetece
E contigo existo e estou presente
Porque és o meu Sol Vermelho.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Espelhos de Gente



Essa gente que vai andando, sem pressa ou com pressa de mais, nesses corredores interiores com vistas arquitectónicas, ou nesses exteriores com vistas para os interiores onde passa essa gente apressada ou sem pressa nenhuma.
São espelhos de gente que fazem eco às vistas de quem passa ou simplesmente olha sem se aperceber das imagens reflectidas das gentes que correm, e se atropelam numa correria sem pressa ou num passo lento e vagaroso, de quem tem tempo para olhar ou simplesmente pensar.
Os namorados de mão dada, os trabalhadores sem cansaço, o semáforo que corre calmamente para as suas mudanças de cor continuas, as pessoas que atravessam a estrada ou que esperam o momento exacto para pisar as riscas brancas que em baixo iluminam a vista.
A gente que espera, a gente que desespera, ou a gente que vive sem esperar.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Janela Branca



Nessa janela florida, fechada, vou espreitando
Um olhar curioso para quem passa
E olha para cima à procura de agradar.

Essa janela que não se abre
E a companhia do vermelho florido
E o branco do cale que queima pela manhã.

Naquela janela por cima de mim
Que teima em não abrir de todo
Sente-se o aroma tímido que se solta pelo ar.

E a janela que se revela na casa antiga
As pessoas serão antigas também?
As flores são novas e frescas e dançam ao som da brisa.

Mais uma janela para abrir com coragem
Pronta para dar e receber
Visita e observa, e sente o perfume.